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Fantasmas

Texto por Paola Martins



Tudo o que existe habita este instante. É a consciência desta realidade que faz com que conceitos como mindfulness, meditação, foco, flow e atenção plena estejam tão na moda nos últimos tempo.


Como nos ensina o prof. DeRose, no universo, o mais denso eclipsa o mais sutil. É por isso que você se torna irracional e capaz de tratar com rispidez até o amor da sua vida em meio a uma crise de dor de dente: pois as dores do corpo físico nos cegam para as sutilezas das nossas emoções e dos nossos pensamentos, fazendo com que seja extremamente desafiador conectar-se com aquilo o que você sente e com a sua racionalidade quando o corpo físico dói.


Trazer a consciência ao fato de que o aqui e o agora é tudo o que há, e que desenvolver a habilidade de concentrar-se integralmente no momento, da pele pra dentro, nos permite hackear este sistema natural meramente responsório.


Tornar-se sobre-humano, a mais das vezes, consiste apenas nisso: romper com nossos próprios automatismos.


A maneira mais rápida de provocarmos esta, e qualquer outra mudança, e de desenvolvermos esta, ou qualquer outra habilidade, é, antes de mais nada, tornarmo-nos cientes daquilo o que nos domina.


Pois aquilo o que negamos, o que recusamos deixar que transpareça, aquilo o que escondemos - seja a palavra não dita, o pensamento soterrado, o amor sonegado, ou a raiva engarrafada - nos domina por completo.


Ao suprimirmos algo do nível da nossa consciência, fechando os olhos, não querendo ver, negando-nos a oportunidade de termos contato com nós mesmos, jogamos o indesejável para o nível do nosso subconsciente, e é daí que surgem nossos fantasmas, que nada mais são do que parte de nós mesmos, em plena vida, que permanecem vagando a nossa volta, pedindo, implorando, para que resolvamos nossos próprios assuntos mal resolvidos.


Quais são os teus fantasmas?


Sejam eles "pequenos" ou gigantes: a viagem desmarcada, o curso trancado, a língua não aprendida, a festa que você não foi, o sorriso que você não deu, a lágrima que você secou, o abraço que você reprimiu, o sonho que você abortou, a profissão da qual você desistiu, a mensagem que você não mandou, o cabelo que você não cortou, o estilo que você nunca adotou, o salto que você perdeu a coragem de fazer.


A única forma de dissipar seus fantasmas é através da luz, assim como a única forma de romper com a inconsciência é tornar-se ciente de si mesmo, iluminar até os cantos mais sombrios daquilo o que você é de verdade.


Quando o breu findar, você será capaz de se permitir experimentar verdadeiramente este instante, que é tudo o que existe.


(seria isto a imortalidade? )

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