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Liberdade

Texto por Paola Martins

Todos queremos ser livres, mas poucos de nós estamos dispostos a arcar com o ônus disto.


Liberdade não é sinônimo de caos, não representa ausência de ordem, de regras, nem no dicionário.


No dicionário Michaelis, liberdade significa, “no empirismo, a capacidade que cada indivíduo tem de autodeterminação, de conciliar autonomia e livre-arbítrio com os diversos condicionamentos naturais”.


Tendemos a achar, num romantismo sem muita lógica, que liberdade é a ausência de limites. Mas limites são, justamente, aquilo o que nos dá forma, que nos dá existência.


São os limites que nos moldam naquilo o que somos. Sem eles, estamos espalhados pelo mundo inteiro, sem estarmos em lugar nenhum.


Seu corpo físico é um limite material de fácil percepção, e sem o qual você não é nada. Ele não permite que você, de forma totalmente natural e desprovida de objetos, voe, respire debaixo d’água ou esteja em dois lugares ao mesmo tempo. Ninguém nega a você a liberdade de fazer essas coisas, mas você não consegue fazê-las mesmo assim.


O outro, as pessoas da nossa convivência, o social, também são limites com os quais nos deparamos diariamente e que precisamos respeitar.


Não é sobre seguir, necessariamente, aquilo que o grupo no qual estamos inseridos faz ou pensa. Mas é sobre prescindir de o tempo todo sentir necessidade de exercer as suas liberdades de forma tão ostensiva a ponto de agredir o outro.


A disciplina e discrição, enquanto limites que dão forma e capacidade de pleno exercício a sua liberdade, nas palavras da Prof. Yael Barcesat são “as irmãs mais velhas da liberdade”.


Ela nos ensina que “se um indivíduo é discreto, o mundo concede-lhe a liberdade de fazer o que quiser. Por outro lado, se um indivíduo é disciplinado, consegue atuar com independência, sem risco de perder de vista seus objetivos por causa das tentações que pode oferecer a liberdade [...] Quem é disciplinado não necessita reprimir-se a fim de preservar os hábitos que escolheu. Sua escolha nasce da liberdade e é sustentada pela disciplina”.


Negar estes limites, negar a natureza primordial daquilo que faz de nós humanos desde os primórdios da vida, só faz de nós desajustados, e não há nada de evoluído nisto.


A arte da liberdade consiste em conhecer seus próprios limites, e desenvolver as competências necessárias para expandi-los, conforme suas necessidades e vontades.


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