O Yôga e as quatro linhas filosóficas
- Equipe Fabiano Gomes School
- 16 de mar.
- 3 min de leitura

O Yôga não é apenas um conjunto de técnicas físicas ou uma moda passageira de bem-estar. Ele é uma tradição milenar, enraizada em profundas filosofias que moldaram sua prática ao longo dos séculos.
Neste post, dando continuidade aos conteúdos que estão sendo trabalhados ao longo do mês de Março, traremos uma visão geral das quatro grandes linhas filosóficas que influenciaram o Yôga, suas diferenças e oposições, e como o futuro do Yôga se desenha no século XXI.
O Significado do Yôga
A palavra Yôga vem do sânscrito yug, que significa unir, atrelar, juntar. No entanto, essa união acontece em diferentes níveis:
União consigo mesmo: Equilíbrio entre corpo, mente e emoções.
União com os demais seres vivos: Conexão com o mundo e as relações interpessoais.
União com o universo: Expansão da consciência e percepção da realidade.
O Professor DeRose define Yôga de forma clara e objetiva:
“Yôga é qualquer metodologia estritamente prática que conduza ao Samádhi.”
Ou seja, Yôga não é religião, não é crença e não é apenas exercício físico – é um caminho prático para a hiperconsciência.
Entretanto, ao longo dos séculos, essa prática foi moldada por diferentes correntes filosóficas, cada uma trazendo uma visão única sobre o que significa evoluir. Algumas enfatizam a lógica e a razão, outras a transcendência espiritual. Algumas valorizam a experiência sensorial, outras pregam o controle absoluto do corpo e da mente.
Essas influências deram origem a quatro grandes linhas filosóficas que ajudaram a moldar o Yôga como conhecemos hoje.
Sámkhya – A filosofia naturalista
O Sámkhya é uma das filosofias mais antigas da Índia e talvez a que mais se aproxima da visão científica moderna. Para essa corrente, o universo é regido por duas forças: Púrusha (consciência) e Prakriti (matéria). Nada de dogmas ou crenças – tudo é explicado pela observação e pela razão.
Foi dessa base que surgiu o Yôga Clássico de Pátañjali, com sua estrutura disciplinada e seus famosos Yamas e Niyamas (os princípios éticos do Yôga). Mas, com o tempo, essa visão mais racional acabou perdendo espaço para linhas mais espiritualistas.
Vêdánta – A filosofia espiritualista
Enquanto o Sámkhya acreditava que consciência e matéria eram coisas separadas, o Vêdánta pregava o contrário: tudo é uma única realidade, chamada Brahman. O mundo material seria apenas uma ilusão (Maya), e a iluminação viria com a dissolução do ego.
Essa visão moldou linhas de Yôga como o Bhakti Yôga (baseado na devoção) e o Jñána Yôga (centrado no conhecimento), e influenciou mestres como Shánkara, um dos maiores expoentes do Vêdánta.
Tantra – A filosofia sensorial e experimental
Enquanto o Vêdánta falava em renúncia ao mundo material, o Tantra ia pelo caminho oposto: a experiência sensorial pode ser um meio para a expansão da consciência.
Foi a partir dessa filosofia que surgiram técnicas como os respiratórios (pránáyáma), mantras, kriyás e práticas energéticas que conhecemos hoje no Hatha Yôga e no SwáSthya Yôga. Diferente da visão ascética, o Tantra valorizava o corpo e os sentidos como aliados, e não como algo a ser reprimido.
Brahmachárya – A filosofia ascética e repressora
No extremo oposto do Tantra, o Brahmachárya representava a filosofia da austeridade. A ideia aqui era o controle absoluto dos sentidos e da energia vital, o que incluía práticas como o celibato e o isolamento do mundo.
Essa visão teve forte influência sobre o Yôga Clássico e seus princípios éticos (yamas e niyamas), e contrasta completamente com a visão do Tantra.
Ao longo da história, o Yôga passou por várias fases, oscilando entre essas correntes filosóficas. Hoje, vivemos um período em que ele se popularizou no mundo inteiro, mas muitas vezes perdeu sua profundidade original.
O SwáSthya Yôga propõe um retorno à raiz mais lógica e experimental, resgatando a essência do Sámkhya e do Tantra – um Yôga que não se baseia em dogmas, mas sim em experiência própria.
Por fim chegamos a uma verdade fundamental: o Yôga nunca foi para todos.
Ele não é para quem busca apenas conforto.
Não é para quem quer uma solução fácil e rápida.
Não é para quem prefere viver no automático, sem questionar, sem buscar algo além do óbvio.
O Yôga é para quem sente que há algo mais.
Para quem está disposto a se transformar.
Para quem tem coragem de sair do comum e trilhar um caminho de autoconhecimento.
Se você leu até aqui, talvez já faça parte desse seleto grupo. Agora, só resta uma escolha: seguir como sempre… ou transformar-se para sempre. A decisão é sua!
Fonte: Palestra O Yôga e As Quatro Linhas Filosóficas pelo Professor Fabiano Gomes
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