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Níveis da consciência e relações humanas

Texto por Paola Martins


Já é um clichê: estamos na era da conexão, e nunca estivemos tão desconectados. As relações interpessoais são a cada dia mais rasas, a cada dia mais meramente baseadas em imagem, em likes, em comments, em gifs.


Vai se perdendo a expressão da linguagem e a comunicação da presença. Não pouca vezes, o alto número de seguidores em uma rede social é proporcional ao alto nível de solidão do dito “influencer”.


Você já se perguntou o por que disto estar acontecendo?



Somos animais coletivos. Agregar, gerar conexão, é o que fazemos por instinto. É nossa forma de preservação mais primata. E é também nossa forma de autoconhecimento mais primária.


Nós não vemos o outro como o outro é, mas sim como nós somos. Nossa percepção sobre cada uma das pessoas com quem nos relacionamos depende muito menos das atitudes, das palavras ou das omissões dela, e muito mais das nossas próprias experiências, que resultarão na nossa interpretação dos fatos.


O olhar do outro é uma necessidade básica humana para descoberta. Para encontro. Para afeição. Para aprendizado.


Mas quanto todos os olhares estão voltados às telas, às mídias, às redes sociais, para onde estamos olhando, de fato? Nosso cérebro, biologicamente, só é capaz de trazer a consciência, de enxergar, aquilo o que colocamos foco sobre. É assim também que abstraímos tudo aquilo o que não nos interessa.


Ora, se estamos ocupados demais trazendo nossa atenção a uma pseudo realidade (alguns dizem, inclusive, ilusória) da tela do celular, como podemos enxergar a nós mesmos? E se sequer nos fazemos conscientes sobre o que somos, como conseguiremos gerar conexão com aquilo o que o outro é?


O ser humano não é, nem consegue ser, uma ilha. Precisamos da inserção social para sermos sujeitos, para sermos pessoas, para sermos humanos.


“No is an island, [Nenhum homem é uma ilha]

Entire of itself, [isolado em si mesmo]

Every man is a piece of the continent, [todos são parte do continente]

A part of the main [uma parte de um todo].

If a clod be washed away by the sea [Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar],

Europe is the less [a Europa ficará diminuída].

As well as if a promontory were [como se fosse um promontório].

As well as if a manor of thy friend's [como se fosse o solar de teus amigos ]

Or of thine own were [ou o teu próprio]:

Any man's death diminishes me [a morte de qualquer homem me diminui],

Because I am involved in mankind, [porque sou parte do gênero humano]

And therefore never send to know

for whom the bell tolls [E por isso não pergunte por quem os sinos dobram];

It tolls for thee [eles dobram por vós]

John Donne - Poeta Inglês


Por este motivo, é primordial que nosso maior exercício de mindfulness, de atenção plena, seja a alocação da consciência em nossos relacionamentos humanos. Nas nossas amizades, nos nossos relacionamentos amorosos, nas nossas interações familiares.


Se você busca expandir a sua consciência, uma excelente sugestão de primeiro passo é começar alocando a sua consciência na sua próxima interação humana não digital. Apenas esteja presente.


Sobre esse assunto, separamos para você um vídeo do Professor Fabiano Gomes sobre amizade, para você refletir!





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