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Perspectivas

Texto por Paola Martins




O contentamento, a felicidade, a alegria e a satisfação não são um estado, são estágios, e podem ser tão passageiros como o vento ou como uma chuva de verão.


E exatamente como uma chuva de verão, cada evento em nossas vidas pode ser visto, a depender da perspectiva, como algo a se extrair contentamento, ou algo a se extrair sofrimento.


A chuva que cai do céu é sempre é a mesma. Para alguns solos é vida, é fertilidade, é começar de novo. Para outros terrenos, não é nada além de lama.


O contentamento é perspectiva, é exercício, e, algumas vezes, é escolha.


É a velha história de ser o tipo de pessoa que vê o copo meio cheio ou meio vazio.


A literatura nos brinda com uma figura que personifica este princípio, e nos oferece lições valiosas: A Pollyanna, de Eleanor H. Porter.


“Em tudo há alguma coisa de bom. A questão é descobrir onde está.” (Eleanor H. Porter)

O Prof. DeRose faz a leitura sobre este tema, dentro de uma norma ética que rege nossa cultura:


O yôgin deve cultivar a arte de extrair contentamento de todas as situações.
O contentamento e sua antítese, o descontentamento, são independentes das circunstâncias geradoras. Surgem, crescem e cingem o indivíduo apenas devido à existência do gérmen desses sentimentos no âmago da personalidade. (Prof. DeRose)

Mas essa perspectiva, digamos, positiva, não deve nos permitir adentrar os meandros de uma cegueira otimista e desconectada da realidade que vem infectando a mente (e a saúde mental) de muitos de nós.


Não somos obrigados a sermos felizes e estarmos sorrindo o tempo inteiro.


A dor e o sofrimento são inexoráveis à condição humana, e ninguém escapa de esbarrar nessas premissas, mais cedo ou mais tarde.


Negar a possibilidade de que o peito aperte, de que as lágrimas brotem, de que a garganta feche, acaba por reduzir nossa habilidade de verdadeiramente sentir na pele as nuances boas da vida, pois apenas quem tem a capacidade de sentir, o que quer que seja, de peito aberto, é que pode estar contente.


Não somos filtros, que apenas deixam passar emoções que melhor nos beneficiam e agradam: podemos sentir tudo aquilo o que bate no peito, ou podemos seguir eternamente anestesiados e adormecidos.


Seja como for, só há uma perspectiva possível aos que desejam sentir: estar acordado.


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