A técnica como um portal
- Paula Lucchese Cordeiro
- há 2 dias
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Atualizado: há 21 horas
Por Paula Lucchese Cordeiro

Como todos os que acompanham minhas postagens já devem ter notado, acredito muito no que fazemos. Sou daquelas entusiastas, que compartilha sempre que pode o impacto que causou na minha vida. Mas algo de curioso acontece na hora de explicá-la; as palavras, que são tão preciosas pra mim, tornam-se insuficientes. Só vivendo essa experiência pra saber.
Porque quem vê de fora pode achar que o que praticamos aqui é uma sequência de técnicas: exercícios respiratórios, exercícios de flexibilidade, força, técnicas de concentração...e de fato são! Mas quem atravessa a porta da nossa escola com olhos e coração abertos percebe, aos poucos, que a técnica que tanto valorizamos é na verdade, uma passagem — o que realmente buscamos é o que está por trás dela.
A técnica é o nosso portal.
Um portal é uma passagem; não é o destino... mas é o que nos conduz até ele.
E, nesse sentido, a prática regular e intencional das técnicas do DeRose Method é o caminho que escolhemos para acessar estados mais elevados de consciência, saúde, lucidez e sensibilidade.
Mas esta vivência é não se limita à sala de práticas. Nossa proposta é justamente tornar o cotidiano em um sádhana — uma prática consciente, um caminho de refinamento pessoal que se expressa nos gestos simples, nas escolhas diárias, na forma como nos relacionamos com o mundo e conosco.
A técnica, praticada com regularidade, com método e excelência, tem um poder transformador real. Não é só o estado interior com que fazemos as coisas. É a alquimia entre a prática consciente e o cultivo de uma vida igualmente coerente, sensível e intencional que opera a verdadeira transformação.
A técnica — seja ela uma permanência, uma respiração profunda ou um gesto de aquietamento e receptividade — se torna, então, uma chave. E o que ela abre depende da nossa disposição em atravessar. Porque somos nós que nos transformamos quando nos oferecemos inteiros: corpo, mente, respiração, emoção… presença.
Onde está sua mente quando você toma seu café de manhã? Quando lava o rosto ao acordar? Ao conversar com alguém, você realmente olha nos olhos? Escuta sem pressa, sem distrações?
A prática começa aí. No agora.
No ritmo acelerado em que vivemos é fácil nos afastarmos de nós mesmos. A prática nos chama de volta. Nos recorda — de forma viva, sensorial — aquilo que somos antes de todos os papéis, funções e expectativas. Um “eu” mais consciente, mais sutil, mais conectado.
E talvez a melhor forma de explicar o que fazemos, o verdadeiro sentido de uma escola de autoconhecimento, seja praticar para resgatar nossa essência.
Respirar para aterrar. Meditar para ouvir. E repetir — com amor e curiosidade — até que o portal se torne passagem permanente para uma nova forma de viver.
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