Seja o alquimista da sua própria vida
- Paula Lucchese Cordeiro
- 20 de jul.
- 3 min de leitura
Por Paula Lucchese Cordeiro

A dor tem um poder misterioso: nos quebra ou nos transforma.
Na minha experiência, em geral faz as duas coisas. Rompe estruturas antigas, questiona certezas, embaralha as rotas. Mas também traz à tona verdades que estavam soterradas pelos ruídos do dia a dia e às vezes, da nossa própria mente, nos dando uma chance de mudar.
A dor tem também o poder de colocar temporariamente a vida em suspensão. Claro que a vida segue acontecendo, os compromissos (e os boletos) não param de existir, mas nos tornamos “ausentes” da nossa vida, como se precisássemos que alguém assumisse o controle por alguns instantes até que recobremos a visão e as forças. É preciso parar.
Nestes últimos dias descobri alguns cabelos brancos que não estavam lá, ou que não tinha tido tempo de ver (riso nervoso). Quando nos sentimos esgotados e sem dar conta da própria vida, somos convidados a nos questionar: existe uma nova forma de viver? Esta forma que, por bem ou mal me trouxe até aqui, pode ser aprimorada?
Sou uma eterna inconformada com “o jeito que as coisas são”. Sempre acho que há uma outra saída, uma nova solução que ainda não encontrei – mas que está lá, pronta para ser implementada se eu a perseguir com afinco.
Nessa busca, descobri que encarar o que nos traz dor e desconforto pode ser um tipo de alquimia. Um processo de escuta do que estamos ignorando (talvez há anos); de observação honesta da maneira que temos vivido; de um autoestudo profundo de como transformar aquilo que não é mais sustentável em uma nova realidade.
E claro, de ação concreta, fazendo de forma intencional as mudanças necessárias para que o antigo dê lugar ao novo, a um jeito de viver que não se baseia apenas em sobrevivência, repetições e exaustão, mas em presença, leveza e sabedoria. Em paz.
Não há dúvida que ser o alquimista da própria vida requer coragem... mas quero crer que dor e sofrimento (feitas as devidas distinções) não são condições essenciais para nossa evolução, que não é necessário persegui-las para que haja crescimento.
Quando surgem, no entanto, nos dão um sinal claro de que algo em nós está desalinhado, pedindo atenção. Isso não significa que viveremos sem desafios: significa que não precisamos esperar pelo colapso para mudar.
Uma vida sustentável não é sobre controle absoluto, mas sobre presença para tomar decisões lúcidas. Não é um luxo — é fator primordial para a construção da vida que se deseja ter, ou não chegaremos inteiros lá, seja lá aonde for pra você.
No dia a dia, isso pode significar pequenas grandes escolhas: dormir cedo, recusar um convite quando o corpo pede descanso, dedicar-se a um projeto por amor e não por obrigação, ou simplesmente reconhecer os contextos nos quais você já fez o suficiente, e é hora de partir.
É dizer não quando você repetidamente disse sim no passado.
É dar tempo e espaço no seu dia pra criatividade apontar novas e inesperadas direções.
É ter em mente que alta produtividade sem sentido é sinônimo de exaustão.
Fica aqui um convite para que você reflita: o que na sua vida pode ser aprimorado? O que a dor, o desconforto e o cansaço podem estar indicando a você? Que ações você pode tomar para tornar sua vida mais sustentável, e que o conduzam onde você deseja chegar?
Que reflexão! :)